segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As tantas expansões de Venturi


A maturidade do artista e da obra: Adauto Venturi nos conta de sua relação com a arte que faz atualmente e fala sobre a última exposição


“Minha obra é como a própria natureza: vai crescendo, vai amadurecendo”, apresenta o artista plástico Adauto Venturi, há mais de 30 anos na profissão, contabilizando diversas exposições.
"Expansões", sua última mostra, realizada em outubro na Galeria Spazio Dell’Arte, além de quebrar um jejum de 2 anos sem expor, revela a maturidade pessoal e artística de Venturi, que já se aventurou pela estamparia, artes aplicadas e há 4 anos se dedica exclusivamente à produção de arte, expressando na pintura e na escultura suas tantas inquietações.
Resultado de uma produção incessante de 3 anos, "Expansões" mescla um sem número de referências e questões, algumas provenientes de uma série anterior, "Florais de Venturi". "É um total de 10 quadros por ano", justifica, revelando que alguns quadros levaram até 15 camadas de tintas. O resultado é exuberante e intrigante. Flores e cores se fundem com traços rígidos e vigorosos. "Eu quis abrir mão do desenho. Eu quis libertar a pintura", conta.
Nessa libertação, questões extremamente pessoais foram representadas, numa forma catártica de auto-libertação. "Há o caos e depois a libertação. Eu tento ordenar o caos", filofosa. Essa prática, de ordenação, só foi possível no individualismo e solidão de seu ateliê, que possibilitou-o entrar em estado meditativo para colocar as tintas na tela e formar, de forma espontânea, esses "redemoinhos intencionais".
Praticante da filosofia zen, Venturi identifica hoje a voz do silêncio, que naturaliza sua obra. "O próprio trabalho criou a sensação de expansão, tem uma profundidade. Ele tem uma evolução física", dignostica o artista, conhecido por finalizar suas obras com cera de abelha, para "dar uma opacidade no trabalho", diminuindo ainda mais o contraste, característica quase ausente em seus quadros.
A obra e os argumentos, construídos com o tempo, ainda é novidade para ele. A própria fase decorativa é um passado, hoje sua tendência é explorar ainda mais o impressionismo. Tanto é, que ele identifica a dificuldade de assimilação das pessoas, caráter que o instiga ainda mais. Afinal, Venturi revela: "Minha obra é minha poiésis", e "ler" essas tantas expansões líricas do artista é algo encantador.
Contato do artista: (32)9119.7669
Mauro Morais






Onde estão as artes visuais de Juiz de Fora?


Edição de 2009 da Lei Murilo Mendes apresenta ínfima participação de artistas visuais da

cidade



Após um jejum de um ano sem lei de incentivo à cultura, Juiz de Fora anunciou em outubro os contemplados pela edição de 2009. Felizmente, o orçamento destinado às expressões artísticas locais aumentou, e 63 projetos irão dividir R$ 816 mil. Mas, o que poderia ser uma grande comemoração na área de artes visuais, reuniu assustadores dados.


O que aconteceram com os projetos de artes visuais esse ano? Dos 338 projetos, apenas 19 foram destinados à área mencionada. Logo na primeira fase, 125 foram desclassificados e desse número constaram 14 projetos de artes visuais. De acordo com a funcionária da FUNALFA, responsável pelo departamento de cultura e pela Lei Murilo Mendes, Adriana Abrantes, todos os casos de reprovação na primeira fase se deram pela ausência de uma documentação correta. “A gente seguiu rigorosamente o edital e exigiu todos os documentos”, relatou Adriana.


A maioria dos projetos reprovados não comprovou a residência da forma proposta pelo edital, o que indica uma falta de atenção no preenchimento da ficha de inscrição. Tal negligência não pode ser atribuída à Prefeitura, que durante o período de recebimento dos projetos disponibilizou um serviço de atendimento específico para a Lei, além de promover reuniões e discussões. “As pessoas foram convidadas a participar”, lamentou Adriana.


Um silêncio nas artes


A participação apontada pela FUNALFA é comprovadamente mínima nas manifestações de artes visuais da cidade. Dos 5 projetos aprovados para a segunda fase da Lei, que avaliou a consistência artística das propostas, 4 foram contemplados.


Cynara Visentim, Lúcio Rodrigues e Wagner de Castro (representante da Confraria de Arte) foram os proponentes vitoriosos com propostas de baixo custo, isto é, o orçamento não pode ultrapassar R$ 4 mil. Rogério de Deus foi o único artista local a conquistar a chancela da lei com seu projeto de alto custo.


Sendo assim, do total de projetos que pleitearam os benefícios do Fundo Municipal de Cultura, apenas 5,6% pertenciam à essa arte. Não bastasse o ínfimo interesse, apenas 3,4% de toda a verba foram destinadas às artes visuais.


Produzir artes visuais em Juiz de Fora com o apoio e/ou patrocínio da iniciativa privada é algo difícil e incomum. Diante dos lamentáveis números da Lei Murilo Mendes desse ano, é possível esperar que em 2010 soframos com o silêncio das artes. A Confraria de Arte, aprovada, lutará para que isso não aconteça, para tal, planeja uma grande exposição coletiva, com muito barulho.


Mauro Morais

Novo espaço novo


Os flashes como arte: Fotógrafa Nina Mello inaugura espaço inovador na cidade dedicado à fotografia

Flashes e mais flashes guardam todos os momentos do cotidiano. A câmera, que antes era artigo de luxo, tornou-se acessório indispensável do dia-a-dia. Os tempos mudaram. E quando falamos em fotografias, essa tese é comprovadamente correta, porque com as fotografias, o conceito de arte, na atualidade, também sofreu uma reformulada. Hoje as fotos invadem galerias e ganham status de arte mundo afora.
E engana-se quem pensa que a nobre atividade de fotografar perdeu seu espaço técnico com as avalanches de registros que encontramos diariamente. Locais dedicados, especificamente, à arte estão surgindo em todo o mundo, e no Brasil também. O Instituto Moreira Salles, por exemplo, é um dos maiores incentivadores da fotografia no país, além de manter um acervo invejado, que conta com mais de 600 mil imagens.

Os trabalhos são tão bem avaliados atualmente, que um dos fotógrafos brasileiros mais famosos, Miguel Rio Branco, apresenta produções que variam de R$ 5 mil a R$ 150 mil, de acordo com a Bolsa de Arte do Rio de Janeiro.

Juiz de Fora não poderia ficar de fora dessa onda. Inaugurado em 22 de Outubro, o Espaço Experimental Nina Mello chegou para, definitivamente, inserir a fotografia no mercado de arte local, incentivando novos artistas e servindo como ponto de encontro para os apreciadores. "A gente tem que tratar as fotografias da forma que elas merecem. Estou colocando-a no lugar de arte que ela também ocupa", destaca a fotógrafa que completa esse ano 20 anos de carreira.

O espaço conta com um laboratório e com um salão multifuncional, com exposições e cursos. Atualmente estão expostas 17 fotografias de Nina Mello, que contam um pouco de sua trajetória, além de homenagear espaços da cidade e locais com certa importância afetiva para Juiz de Fora (como Búzios e o Rio de Janeiro).
O olhar de Nina e o olhar do outro
Conhecida pelo uso do P&B, Nina iniciou sua carreira no fotojornalismo, trablhando em importantes publicações locais. Após realizar cursos com profissionais de destaque no cenário nacional, ela começou a exercitar o "descondicionamento do olhar" (método teorizado pelo fotógrafo e referência para a artista, Cláudio Feijó) , o que a capacitou a produzir uma obra extremamente autoral e cheia de identidade. "Mesmo sem ter o humano, as fotos da Nina têm uma presença de humanidade", declara o produtor cultural Cristiano Rodrigues, que junto com Valéria Jucá, realizaram a curadoria da mostra.
"Meu trabalho não é uma coisa concreta. Eu dependo do olhar do outro", emociona-se Nina, justificando a abertura de um espaço dedicado à sua arte. Cuidadosa em todos os estágios de seu trabalho, a fotógrafa realizou as impressões em São Paulo, com papel especial, semelhante à tela de pintura, o que corrobora ainda mais para a classificação atual das fotografias.
Dessa forma, num brinde à arte de fotografar, Juiz de Fora é presenteada, em concordância com as novas concepções artísticas e com os tantos artistas que despontam por trás das onipresentes lentes.
O Espaço Experimental Nina Mello funciona de segunda a sexta, das 14h às 18h, ou diante de agendamento pelo telefone (32) 8864.4698
Mauro Morais

Galeria Hiato abre espaço para novos artistas


O que fazem os novos artistas de Juiz de Fora? Essa e muitas outras perguntas pretendem ser sanadas com a exposição coletiva Carne Fresca, prevista para março de 2010, na Galeria Hiato – Ambiente de Arte.


Aberta em 15 de outubro as inscrições para participar da mostra vão até o dia 15 de dezembro e serão avaliadas pelo professor e artista plástico Petrillo, representante da galeria Hiato; pela artista plástica e professora Sandra Sato e pelo artista convidado Fabrício Carvalho, que farão a curadoria e organização da exposição.


Carne Fresca apresentará a produção de dez novos artistas de Juiz de Fora, maiores de 18 anos e com produção máxima de cinco anos. Não haverá restrição de linguagem artística, podendo participar artistas que exercem todo tipo de manifestação.


A mostra Carne Fresca deseja identificar artistas inciantes, apostando nos bons bifes para a ceia da arte local.

Maiores informações pelo site www.hiato.com.br

Editais, exposições e sites



Galerias do CCBM
Está aberto o edital para ocupação das Galerias Heitor de Alencar, Celina Bracher e Arlindo Daibert, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas. As inscriçãos vão até o dia 4 de dezembro e contemplam o período de fevereiro a julho de 2010.
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Informações pelo site http://www.pjf.mg.gov.br/
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Cem Pratas de Arte
A Casa de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora abriu inscrição para artistas interessados em participar da sétima edição da exposição-bazar Cem Pratas de Arte, que será realizada entre os dias 10 de dezembro e 8 de janeiro. A proposta da organização é difundir e popularizar a arte local, para isso, todas as obras expostas estarão à venda por preços que vão de R$1 à R$100. Para participar da mostra basta encaminhar os trabalhos até o dia 04 de Dezembro.
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Maiores informações pelo telefone (32) 3215.4694
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Lírica

Urbana

Provisória
O artista mineiro Estevão Machado apresenta, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, as histórias de Seu Grover, do catador de papel Caderlei, do pedreiro Claudiomar, do eletricista Paulo, do supervisor de pátio Gustódio, dos auxiliares de serviços gerais Lilian e José Elídio, do fotógrafo Flávio, da sambista Ângela, da copeira Sirlene, da faxineira Laci, da babá Valma, da doméstica Divina, do mecânico português Antônio, de Dona Paulina, Dona Maria, e outras seis pessoas. Pintadas em óleo sobre tela o artista apresenta à cidade suas obras inspiradas na rua, em personagens que no cotidiano constroem uma poética urbana. As vídeos-instalação da diretora Carol Nogueira fazem parte dessa produção que já passou pelos pontos de ônibus, estação de metrô e galerias de arte de Belo Horizonte. Confira!
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Moradas do Íntimo

Já pensou em ter sua casa ocupada por um artista plástico? Penso, ainda, em ter seu espaço modificado por um artista? Pois é isso que a mostra Moradas do Íntimo, em exposição na capital brasileira propôs. Dez casas serviram de ponto de partida para intervenções criadas por um artista plástico em consonância com o morador. O resultado é uma produção repleta de lirismo e muita sensibilidade, capaz de desvendar questões íntimas de cada morada. Para conferir um pouco desses trabalhos basta acessar o site criado pela organização:

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