Após um jejum de um ano sem lei de incentivo à cultura, Juiz de Fora anunciou em outubro os contemplados pela edição de 2009. Felizmente, o orçamento destinado às expressões artísticas locais aumentou, e 63 projetos irão dividir R$ 816 mil. Mas, o que poderia ser uma grande comemoração na área de artes visuais, reuniu assustadores dados.
O que aconteceram com os projetos de artes visuais esse ano? Dos 338 projetos, apenas 19 foram destinados à área mencionada. Logo na primeira fase, 125 foram desclassificados e desse número constaram 14 projetos de artes visuais. De acordo com a funcionária da FUNALFA, responsável pelo departamento de cultura e pela Lei Murilo Mendes, Adriana Abrantes, todos os casos de reprovação na primeira fase se deram pela ausência de uma documentação correta. “A gente seguiu rigorosamente o edital e exigiu todos os documentos”, relatou Adriana.
A maioria dos projetos reprovados não comprovou a residência da forma proposta pelo edital, o que indica uma falta de atenção no preenchimento da ficha de inscrição. Tal negligência não pode ser atribuída à Prefeitura, que durante o período de recebimento dos projetos disponibilizou um serviço de atendimento específico para a Lei, além de promover reuniões e discussões. “As pessoas foram convidadas a participar”, lamentou Adriana.
Um silêncio nas artes
A participação apontada pela FUNALFA é comprovadamente mínima nas manifestações de artes visuais da cidade. Dos 5 projetos aprovados para a segunda fase da Lei, que avaliou a consistência artística das propostas, 4 foram contemplados.
Cynara Visentim, Lúcio Rodrigues e Wagner de Castro (representante da Confraria de Arte) foram os proponentes vitoriosos com propostas de baixo custo, isto é, o orçamento não pode ultrapassar R$ 4 mil. Rogério de Deus foi o único artista local a conquistar a chancela da lei com seu projeto de alto custo.
Sendo assim, do total de projetos que pleitearam os benefícios do Fundo Municipal de Cultura, apenas 5,6% pertenciam à essa arte. Não bastasse o ínfimo interesse, apenas 3,4% de toda a verba foram destinadas às artes visuais.
Produzir artes visuais em Juiz de Fora com o apoio e/ou patrocínio da iniciativa privada é algo difícil e incomum. Diante dos lamentáveis números da Lei Murilo Mendes desse ano, é possível esperar que em 2010 soframos com o silêncio das artes. A Confraria de Arte, aprovada, lutará para que isso não aconteça, para tal, planeja uma grande exposição coletiva, com muito barulho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário