sábado, 15 de agosto de 2009

Sobre Identidade

Acho importante sim conhecer o outro, pois só assim podemos compreender o que move cada um. Criar esta identidade dentro de um coletivo passa pela visão de cada um e pela maneira como cada qual o outro, ou como cada um se posiciona em relação ao grupo em que está inserido.

Quando trabalhei na FUNALFA, na década de 90, tive a vontade de reunir vários artistas de JF e começamos a criar primeiramente um cadastro que deu origem a um banco de dados e daí começamos a direcionar projetos e exposições que reuniram artistas iniciantes e também os mais experientes e esta troca foi muito importante na época. Sempre achei primordial incentivar aqueles que estavam começando e sempre sentimos a falta em Juiz de Fora de uma estrutura que permitisse ao artista divulgar melhor o seu trabalho, assim como, ajudá-lo a alavancar sua própria carreira. Desenvolvemos vários projetos que reuniam outras atividades paralelas como a música, poesia e dança por acreditarmos desde então que a formação de público para a artes plásticas em Juiz de Fora era muito restrita e achávamos que unir atividades artísticas poderia atrair um público mais variado e que aos poucos iriam se apropriando de outras atividades antes desconhecidas para eles.

A Lei Murilo Mendes surgiu como uma das alternativas para o artista divulgar e ampliar o seu trabalho mas desde seu inicio foram poucos os artistas plásticos que tiveram propostas inscritas. Tenho certeza que não é por falta de projetos nem falta de idéias, mas sim falta de uma estrutura organizacional que possa ajudar aos artistas a concretizarem seus projetos.

De minha parte senti muito desanimada com o mercado em JF e desde 2005 não faço uma exposição individual. Tenho preferido atuar mais na área de arte-educação e tenho me dedicado muito a dar este incentivo a jovens alunos que percebo que tem muito talento, mas pouca iniciativa e capacidade de perseguir seus sonhos e realizá-los.

Atualmente tenho me voltado mais para a fotografia do que o desenho, apesar de reconhecer que minha paixão será sempre o desenho, mas a minha necessidade de expressão atualmente passa por outros caminhos. Já não preciso ver meus quadros sendo vendidos para me sentir realizada ou não acho mais que preciso viver de arte, mas fazer de todas as atividades que exerço uma manifestação artística.

Houve um tempo em que achei que colecionar prêmios em salões e realizar exposições de sucesso seria a realização total para qualquer artista. Hoje acho que toda está estrutura do mercado de arte é questionável. Quem pode dizer o que é arte ou não é? Quem pode dizer que um trabalho é melhor que outro trabalho? E finalmente quem pode ser capaz de determinar quem vai para a posteridade e quem vai ser esquecido após a sua morte?

Acho que me sinto mais feliz realizando um trabalho com uma preocupação estética e procurando agregar mais valores aos serviços que faço de design ou de decoração e sei que a diferença está no quanto de paixão que adicionamos ao ingrediente básico do nosso dia-a-dia.

Já fui muito idealista, sonhadora, andei muitas vezes com pastas e mais pastas embaixo do braço tentando divulgar e vender minhas idéias. Ás vezes sinto que fiquei menos audaciosa, outras sinto que fiquei mais consciente e pé no chão, enfim acho que o mais importante é acompanhar a evolução do mundo, da arte, dos conceitos e tentar fazer tudo da maneira melhor possível e principalmente da maneira que nos faça mais feliz. Afinal, eu costumo dizer que precisamos fazer da vida uma arte e da arte um alimento para a vida, e isto eu tenho procurado colocar como meta para continuar o meu caminho.

Rose Valverde

Profa. de Artes no CEM – Centro de Educação de Jovens e Adultos – Desenho artístico, desenho de moda e desenho em quadrinhos; Designer gráfico; web designer; Decoradora e Produtora cultural. Cursando pós-graduação em Arte, Cultura e Educação pela UFJF /Belgo Arcelor.

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