sábado, 22 de setembro de 2012

A fotografa Mirela captou momentos do Encontro Mundial de Pintura ao Ar Livre

Marcillene Ladeira

Leonardo Paiva

Kátia Lopes 

A filhota da Marcia Marques

Rose Valverde

Douglas Fazolato, diretor do Museu Mariano Procópio

e a fotógrafa...
Mirela




domingo, 16 de setembro de 2012

4ª participação no Encontro Mundial de Pintura ao Ar Livre

Dia lindo, sol radiante.
A turma pode se reunir e pintar no Parque do Museu Mariano Procópio aproveitando uma bela manhã e muita inspiração.

Estiveram presentes artistas da Confraria de Arte, alunos do Espaço Arte da professora Marcia Marques, Membros do Atelier Ponto com Arte e vários participantes que aproveitaram a oportunidade para se integrar a natureza com muita arte.


 
 










Agradecemos a todos que participaram.
Ano que vem tem mais!




quinta-feira, 6 de setembro de 2012

10º Encontro Mundial de Pintura ao Ar Livre e 4º em Juiz de Fora/MG


- 2012 -
10º Encontro Mundial de Pintura ao Ar Livre
e  4º em Juiz de Fora/MG 


Marcillene Ladeira, tel.: (32)3083-1128 / 99927566, email: marcillene.ladeira@gmail.com    

O Encontro Mundial de Pintura ao Ar Livre - WORLDWIDE “Paint Out” - comemora, este ano, 10 anos de avento, e nossa cidade completa sua quarta participação.  
O prazer de pintar “en plein air” data-se de muito tempo. En “plein air” é uma expressão francesa que significa “ao ar livre”. No século XIX, esta prática foi irradiada a partir da invenção da bisnaga descartável para tintas. O contato cada vez mais intenso com a paisagem observada de perto, em especial no uso da luz, fez elevar a categoria “paisagem” entre a hierarquia acadêmica, passando então, a ter prioridade nas pinturas realizadas nos estúdios e praticadas até o século XVIII.
A Escola de Barbizon e pintores impressionistas - como Claude Monet, Camille Pissarro, e Pierre-Auguste Renoir - deram grande ênfase à este tipo de pintura. No Brasil teve origem na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. Foi pela iniciativa do professor Georg Grimm, pintor alemão que chegou ao país por volta de 1870, após cursar a Academia de Munique; começa a reunir um grupo de sete jovens artistas para pintar nas praias e arredores da cidade de Niterói/RJ. O grupo ficou conhecido como “Grupo Grimm” e um desses jovens foi Antônio Parreiras.
Em 2002, nos Estados Unidos, um grupo de artistas interessados em resgastar e manter viva a prática da pintura ao ar livre, criaram o “Encontro Mundial de Pintura ao Ar Livre”, cuja coordenação tem sido pelo International Plein Air Painters – IPAP (Associação Internacional de Pintores ao Ar Livre). Trata-se de um encontro anual que acontece simultaneamente em várias locais do mundo, convencionalmente no segundo fim de semana do mês de setembro. Cada grupo interessado pode optar por um dos três dias: sexta-feira, sábado ou domingo e depois inscrever-se, no evento, através de um formulário online (inscrição 2012 <http://ipap.homestead.com/paintout.html>). Atualmente, são 16 paises membros: Brasil, Canadá, Etiópia, França, Irã, Irlanda, Israel, Itália, Rússia, Espanha, Santa Lúcia, Suécia, Trinidade & Tobago, Reino Unido, Estados Unidos (em 41 dos 50 Estados).
O IPAP promove e estimula a atividade durante ano inteiro, além desse evento possui um site onde todos podem trocar experiências. Em uma de suas Declarações de Propósito diz: “Uma das principais razões para realizar a pintura simultanea no mundo à fora, é dar aos artistas uma oportunidade de mídia, sem restrições e sem limitações de fronteiras”. Ainda, pede a nossa contribuição: “Nós precisamos de vocês para fazer deste um sucesso. Junte-se a nós!
Assim, entendendo a importância desse tipo de evento para a categoria artística (artes visuais), em 12 setembro de 2009, o grupo de artista visuais Confraria de Arte (confrariadearte.blogspot.com), tomou a iniciativa de promover pela primeira vez a participação de Juiz de Fora no encontro, que foi realizado, naquele ano, na Praça João Pessoa em frente ao Cine Theatro Central - um ato público e aberto para quem quizesse participar.
No ano seguinte, em 2010, mais uma vez o encontro foi realizado no mesmo local. O importante era que o evento havia se tornado um sucesso, e, ainda existiam pessoas interessadas em mantê-lo.
Em 2011, após o convite do Sr. Douglas Fasolato, diretor superidentende do MAPRO, o encontro foi realizado novamente, mas agora em outro dia (no domingo ao invés de sábado) e em um outro local – no parque do Museu. Além dessa modificação houve novas conquistas importantes: colaboração da ABAAP - Associação de Belas Artes Antônio Parreiras com empréstimo de cavaletes de pintura, um convite oficial do diretor do Instituto de Artes e Design (IAD/UFJF), Prof. Dr. Ricardo Cristófaro aos alunos do curso, como, ainda, a inauguração, em julho, do Atelier Ponto com Arte (http://atelierpontocomarte.blogspot.com.br/) – um espaço de ensino e produção artística, criado por iniciativa de cinco artistas membros da Confraria de Arte: Maurílio Souza, Rose Valverde, Marcillene Ladeira, Márcia Marques e Maria Valéria Gouvea.
Em 2012, esse mesmo grupo, encabeçado pela artista Marcillene, tiveram a iniciativa de entrar na Lei Murilo Mendes – lei municipal de incentivo a cultura, com o intuito de arrecadar investimentos para a realização do evento em nossa cidade.
Mas qual é a importância dessa proposta?
Por ser uma lei de incentivo à cultura, vemos nela uma grande oportunidade, não apenas de pleitear recursos financeiros, mas também pleitear apoio político, para que esse evento se torne uma programação oficial em nossa cidade.
Este e no próximo ano (16/09/2012 e 15/09/2013), pretedemos continuar representando a cidade de Juiz de Fora com nossas atividades artísticas ao ar livre novamente no parque do MAPRO, conforme já agendado com o responsável pelo local, visto que constitui-se de uma ampla área verde de fácil acesso, capaz de proporcionar aos artistas e ao público, momentos agradáveis. Porém esse local não é, necessariamente, fixo. Futuramente poderemos estar experimentado novos pontos, até mesmo para diversificar nossas obras.  

Objetivos do evento em nossa cidade:
_ promover a execução e o gozo pela atividade artística ao ar livre
   (pintura, desenho, fotografia, performance e música, por exemplo);
_ promover um momento de socialização entre a classe artística;
_ estimular a prática artística no meio social;
_ oportunizar ao artista uma voz de mídia;
_ divulgar a cultura local;
_ formar público;


            Público Alvo:

O evento é destinado à um público de artistas – artistas de todos os níveis de experiência, não se limitando apenas à atividade de pintura, isto porque atualmentemas as categorias artísticas estão infinitamente maleáveis. Assim, o evento também pretende incorporar - além dos tradicionais pintores - desenhistas, fotógrafos, músicos, performances, etc; como também destina-se aos que querem iniciar nessas práticas, aos apreciadores delas e aos demais interessadas.


Juiz de Fora, 28 de agosto de 2012

Realização:




Apoio:


  



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Um artigo da Revista Valor Econômico - A arte não fala por si


09/03/2012 ÀS 00H00
A arte não fala por si

Arte moderna = eu poderia fazer isso + sim, mas você não fez. Essa simples equação, que se estende para a arte contemporânea e reflete antigo preconceito, circula hoje em forma de piada nas redes sociais. No entanto, em um momento de incertezas econômicas como o atual, em que o mercado de arte se torna mais atrativo para investidores, nem equações de mentira dão conta de simplificar uma realidade intrigante. O que faz uma obra atingir elevadas cifras em leilões e vendas privadas? Como funciona o circuito que garante o reconhecimento de determinado artista?
Respostas para essas questões tornam-se ainda mais subjetivas quando se leva em conta que obras de artistas vivos estão atualmente no foco dos donos do dinheiro. Em outro extremo do mercado, uma versão de "Jogadores de Cartas", do francês Paul Cézanne (1839-1906), foi adquirida por cerca de US$ 250 milhões, estabelecendo um novo recorde para uma pintura, no ano passado. Ainda que pesem os interesses estratégicos dos compradores, a família real do Qatar - cuja filha do emir, Sheikha Al-Mayassa, foi eleita recentemente a pessoa mais poderosa do mundo das artes, pela revista "Art Auction" -, e que o valor seja exagerado, a obra tem a seu favor a raridade e a importância histórica de seu autor.
Mas, quando se fala em artista vivo valorizado, é necessário lembrar que diferentes instâncias se beneficiam de uma produção em ritmo constante. No caminho para se chegar "lá", o artista passa por um processo informal conhecido como validação. O "lá" pode ser o mercado ou o reconhecimento crítico e institucional, áreas que nem sempre se cruzam. Em qualquer um dos casos, diferentes personagens das artes precisam dar uma espécie de selo de aprovação. "É um sistema muito complexo. Não são só uma ou duas pessoas que decidem. Um número extenso de plataformas de visibilidade e de fatores é que determina a validação de um artista", afirma Adriano Pedrosa, que recentemente foi curador da 12ª Bienal de Istambul, ao lado do americano nascido na Costa Rica Jens Hoffmann.
"Você pode queimar um artista se decidir lançá-lo no mercado prematuramente. É necessário usar o fator tempo", diz o galerista Thomas Cohn
A ideia romântica de que talentos natos não precisam concluir uma faculdade de artes não tem muito espaço na realidade atual, apesar do sucesso de brasileiros como Leonilson (1957-1993), que não chegou a se formar. A inexistência de uma instituição nos moldes da CalArts (California Institute of the Arts, nos EUA) é uma das peculiaridades do circuito brasileiro, acredita a escritora e socióloga canadense Sarah Thornton, que aborda o mercado de arte em publicações como "The Economist" e "The Guardian".
Em um dos capítulos do seu livro "Sete Dias no Mundo da Arte", Sarah descreve uma aula que chega a durar 15 horas, em que alunos expõem seus trabalhos para debates com colegas de sala e o professor. Com mais de 250 entrevistados, o livro descreve sete diferentes instâncias percorridas por um artista: leilão, escola, bienal, mídia, ateliê, feira e premiação.
A faculdade, nesse contexto, não é apenas o local onde o aluno aprende os fundamentos teóricos e práticos da arte. É, também, onde o candidato a artista fará os seus primeiros contatos profissionais. Foi na Goldsmiths College onde o "blockbuster" Damien Hirst conheceu colegas do grupo que ficou conhecido como Young British Artists, em fins dos anos 1980. Márcia Fortes, da galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, diz que foi em uma visita à tradicional exposição Anual de Artes da Faap (exposição dos formandos da faculdade) que conheceu a artista Marina Rheingantz e seu trabalho. Hoje, ela é representada pela galeria, ao lado de nomes estabelecidos como Beatriz Milhazes e Adriana Varejão. "O artista, hoje, acaba tendo que fazer networking. É quase uma regra ele ir à abertura de uma exposição com seus trabalhos. Mas o mais importante deveria ser a obra. Ela deveria falar por si só", afirma Sarah.
Mostras como o Rumos Itaú Cultural, Panorama da Arte Brasileira (no MAM-SP) e o Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte/Bolsa Pampulha são espaços coletivos importantes para os novos artistas. "São museus participando desse início, onde nomes ainda não inseridos são apresentados ao circuito. É um primeiro momento, institucional, em que o artista atua por si só", diz Márcia. "Os galeristas e curadores antenados circulam nesses locais."
"Descobrir" um novo talento é glorioso em praticamente todas as áreas da cultura, mas há um sabor extra nas artes plásticas. Mundo afora, não faltam relatos de colecionadores que se gabam daquela obra de artista em início de carreira adquirida por uma pechincha. É famoso o caso do ator e colecionador Dennis Hopper (1936-2010), que, nos anos 1960, comprou por US$ 75 uma das pinturas de sopa Campbell de Andy Warhol (1928-1987). Há inúmeras variações do trabalho cujos valores hoje ultrapassam a faixa do US$ 1 milhão.
São perspectivas positivas como essa que estimularam o surgimento, em 2010, do Brazil Golden Art, fundo de investimento pioneiro no país. Artistas ainda não consagrados, mas com alto potencial de valorização, estão no foco. Heitor Reis, que já foi diretor do MAM - Bahia, é hoje gestor do fundo e conta que entre 10% e 15% das obras adquiridas são "blue chips". Atualmente, o fundo tem 300 obras de 200 artistas brasileiros contemporâneos. "Cerca de 80% da nossa coleção são 'small caps'. Esses artistas não consagrados serão o grande acerto do nosso fundo", acredita Reis. Com um patrimônio de R$ 40 milhões, o BGA já está fechado em 70 investidores (a cota mínima era de R$ 100 mil). O fundo pretende montar uma coleção com mil obras.
Não há regras para as escolhas de curadores e galeristas. Tudo depende de olhares individuais. "Meu interesse é pesquisar e disseminar artistas fora do eixo do Atlântico Norte e da Europa: um Sul ampliado, o antigo Terceiro Mundo", explica Adriano Pedrosa. Galerista pioneiro no Brasil dos anos 1980, Thomas Cohn ajudou a lançar nomes como Leonilson e Adriana Varejão e diz que, em muitos casos, levou apenas cinco minutos para ver potencial em uma obra. "Às vezes, você vê o talento, mas ainda verde. É necessário usar, então, o fator tempo. Você pode queimar um artista se decidir lançá-lo no mercado prematuramente. A sutileza vem com a experiência", diz Cohn, que anunciou o fechamento de sua galeria (ele irá abrir uma relojoaria com peças feitas por artistas, designers e arquitetos).
"Mercado de arte é atrelado à economia. No momento em que o Brasil bombou, sendo a bola da vez, surgiram mais investidores", diz gestor de fundo
Para Márcia e Cohn, o galerista tem também função de crítico e conselheiro, sempre atento ao desenvolvimento do trabalho do seu artista. É uma atualização da imagem clássica e secular do mecenas. "Artista sozinho com seu trabalho, por mais talentoso que seja, não chega a lugar nenhum. O circuito institucional, de museus, não vai garantir sua sobrevivência", diz Márcia, para quem um artista de peso relevante deve ter representações também nos EUA, na Europa e na Ásia. Muitos artistas, conforme vão vendo sua cotação subir, trocam de galerista. "Para nós é ruim lançar, fazer um esforço danado, começar com valores baixos, atingir determinado ponto e o artista se despedir dele", afirma Cohn. "É como se ele dissesse: 'Bom, você já me serviu de escada, agora me despeço porque preciso chegar a outro patamar'. Antes de mais nada, artistas são seres humanos, com desejos pessoais."
Participar de uma importante exposição internacional quase sempre garante uma validação, ao menos institucional. Bienal de Veneza, Documenta de Kassel, além da Bienal de São Paulo e a de Istambul, são algumas das principais. No passado, as participações de Cildo Meireles, Jac Leirner, José Resende e Waltercio Caldas na Documenta de 1992 foram marcantes não apenas nas suas carreiras individuais, mas também etapa marcante no processo de internacionalização dos artistas brasileiros. A partir dos anos 1990, o interesse estrangeiro pela arte latino-americana, além do retorno da democracia ao Brasil, ajudou na profissionalização do mercado nacional. Já não seria tão estranho ver obras de brasileiros em importantes coleções de museus como o MoMA (Museu of Modern Art, em Nova York) e a Tate, no Reino Unido.
"Em tese, qualquer artista que é adquirido pelo MoMA ganha um ponto muito elevado no circuito. Mas existem artistas que entraram na coleção do museu e nem por isso conseguiram ou demoraram muito para ser reconhecidos. [O brasileiro Alberto da Veiga] Guignard [1896-1962] é um exemplo", diz Tadeu Chiarelli, diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). "Há artistas com uma validação extraordinária no mercado, seja em leilão, seja em galeria, que são totalmente desprezados pelo circuito institucional", afirma Adriano Pedrosa. Como exemplo, o curador cita o artista colombiano Fernando Botero, que, apesar de estar na coleção do MoMA e ser o artista latino-americano vivo recordista em leilão (US$ 2,03 milhão por pintura em 2006), não é unanimidade entre a crítica.
Quando o assunto é venda negociada por galeristas, quantias elevadas podem até prejudicar a reputação de um artista, caso o colecionador em questão não tiver boa fama no mercado. Atualmente, no Brasil, ter uma obra no Centro de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho (MG), conta pontos positivos. Formado pela coleção do empresário Bernardo Paz, o espaço exibe obras de brasileiros e estrangeiros consagrados, como Ernesto Neto e Matthew Barney. Numa recente lista da revista "ArtReview" com o ranking das cem pessoas mais poderosas do mundo das artes, Paz é o único brasileiro, em 76º lugar.
Revistas especializadas e a crítica são importantes nesse processo. A "Artforum", nos EUA, e a "Frieze", no Reino Unido, são as publicações que mais possuem força mundial na construção da reputação de um artista. Apesar de sua credibilidade ser constantemente questionada devido aos caros anúncios das principais galerias mundiais em suas páginas, a "Artforum" tem papel de destaque no que deve ser levado a sério ou não no circuito. Damien Hirst, Jeff Koons e Takashi Murakami, a trindade que hoje alcança os maiores valores do mercado, embaralhando as fronteiras entre arte e a empresarialização da arte, raramente têm estudos críticos nas páginas da revista. Por outro lado, Adriana Varejão recentemente foi tema de um longo artigo. Sua colega de geração Rivane Neuenschwander, além de Hélio Oiticica (1937-1980), referência no processo de internacionalização da arte brasileira, também estão nessa restrita lista.
Não há, no Brasil, publicações com o mesmo peso, ainda que o fortalecimento do mercado gere uma demanda. Por isso, muitos profissionais que atuam no circuito apontam particularidades do colecionador local. "O Brasil tem um mercado provinciano e desinformado, muito ligado à moda. O artista que se destaca é o que aparece nas colunas sociais, e não aquele que está na cultura", diz Celso Fioravante, editor do site/informativo Mapa das Artes, que traz notícias e roteiros sobre o circuito de exposições no Brasil.
No Brasil, o mercado de arte é relativamente novo, se for feita uma comparação com Europa ou Estados Unidos. Da geração que se destacou nos anos 1990 chamam a atenção a carioca Adriana Varejão, cuja tela "Parede com Incisões à La Fontana II" (2001) foi arrebatada por 1,1 milhão de libras em leilão na Christie's de Londres no ano passado (maior valor já pago por obra de um artista brasileiro vivo), e Beatriz Milhazes. "O sucesso delas não foi da noite para o dia. Não há um momento de virada. Elas estão pintando há mais de 20 anos, estão na labuta no ateliê. O que gerou esse sucesso? Foi todo um desenvolvimento de currículo, diversas mostras institucionais", diz Márcia Fortes. "E temos que lembrar que esse 1 milhão foi em um leilão. Nem Adriana e nem a galeria viram a cor desse dinheiro."
O caso de Beatriz é exemplar nesse circuito de validação. Ela iniciou-se nas artes plásticas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio, e, com a coletiva "Como Vai Você, Geração 80?", realizada no mesmo local em 1984, foi identificada como parte de um grupo que incluía, entre vários outros, Leda Catunda, Daniel Senise. Já nessa época, é observada por curadores brasileiros como Paulo Herkenhoff e Ivo Mesquita, e iniciou participações em exposições internacionais na América Latina.
Em 1995, Beatriz entrou no circuito mais badalado da arte, em exposição no Carnegie Museum of Art, em Pittsburgh, EUA. No mesmo ano, começou a ser representada em Nova York por Edward Thorp, com quem fez sua primeira exposição em galeria estrangeira - resultando em crítica positiva no "The New York Times". A partir daí, Beatriz circula com desenvoltura no circuito internacional, entrando na coleção de museus como o MoMA (EUA) e o Reina Sofía (Espanha). As participações na Bienal de São Paulo (1998) e na Bienal de Veneza (2003) também são pontos altos da carreira da artista. No mercado, Beatriz fez história em 2008, quando se tornou a primeira artista brasileira viva a atingir a marca de US$ 1 milhão ("O Mágico" foi vendida por US$ 1,049 mi na Sotheby's, em Nova York).
O mercado de arte em expansão no Brasil tem estimulado o surgimento de novas feiras. No ano passado, a primeira edição da ArtRio teve um total de vendas de R$ 120 milhões. Em São Paulo, a Parte apostou em galerias menores, com obras de jovens artistas com preços até R$ 15 mil. Fernanda Feitosa, diretora da principal feira de arte do Brasil, a SP-Arte, diz que o perfil do comprador mudou e está mais jovem, na casa dos 20 e poucos anos. Ela cita uma "sofisticação da informação" e o papel dos cursos livres nessa mudança de perfil. Seguindo um mercado que existe no exterior, a Escola São Paulo, por exemplo, oferece cursos e palestras que ensinam o aluno a colecionar arte. "Mercado de arte é atrelado à economia. No momento em que o Brasil bombou, sendo a bola da vez, com o PIB crescendo, muita gente jovem chegando ao patamar dos ricos, com possibilidade de diversificar suas carteiras, surgiu essa tendência de termos mais investidores e colecionadores", afirma Heitor Reis.
Cifras milionárias em leilões internacionais, no entanto, não estão necessariamente relacionadas a esse bom momento da arte brasileira. Profissionais da área lembram que leilões são pontuais, guiados pela emoção e pela pressão psicológica e, por isso, servem como validação apenas mercadológica. De olho nas "possibilidades" que estão se abrindo no Brasil, a tradicional casa de leilões Sotheby's recentemente abriu um escritório no país. Para Katia Mindlin Leite Barbosa, presidente da Sotheby's Brasil, o interesse do mercado por arte contemporânea responde a uma simples equação: "Existe mais demanda para esse segmento porque a oferta de arte moderna e impressionistas está diminuindo no mercado".
Em 2011, a Sotheby's teve o segundo melhor resultado em sua história, com um total consolidado de vendas de US$ 5,8 bilhões. A concorrente Christie's teve US$ 5,7 bi em vendas e anunciou um crescimento de 27% (em dólares) no setor de arte contemporânea. Essa explosão, claro, não vem apenas de um amor súbito por arte dos grandes compradores. Segundo o jornal "Financial Times", em uma pesquisa da Family Bhive, espécie de rede social de milionários, entre mais de 70 banqueiros e gestores de investimento internacionais, arte foi identificada como o ativo com melhores chances de retorno em 2012. "Obra de arte não vira pó como as ações. Na pior das hipóteses, você continua usufruindo o prazer de ser dono da obra", diz Katia, da Sotheby's.
Ao menos em leilões, os critérios na determinação de um preço são subjetivos, ditados por especialistas próprios, e não pelo vendedor. "Quando um artista chega à Sotheby's, já se pressupõe que ele tenha certa bagagem, uma rede de colecionadores, 'dealers', de pessoas interessadas, que ajudam a movimentar o mercado", diz Katia. Fatores como a reputação do artista, a fase correspondente da obra, vendas anteriores de trabalhos parecidos são levados em conta no estabelecimento do preço. "Temos uma expressão que são os 'comparáveis', que vão dar o parâmetro para aquela avaliação", afirma Kátia. Heitor Reis, do fundo de investimentos BGA, diz que é necessário um trabalho de acompanhamento do mercado de arte para determinar quais obras irá comprar. "Fazemos prospecção o tempo todo, indo a ateliês, conversando com os formadores de opinião, diretores de museus, críticos. Tudo isso proporciona a valorização de um artista", afirma. Empolgado, Reis diz que o potencial de valorização é variável, mas pode chegar a otimistas 300 e 500% acima do CDI.
A aposta no novo e incerto é grande, e distorções podem surgir. "O mercado está dando as regras. Isso coloca em risco a produção e a qualidade dos artistas", afirma André Millan, da Galeria Millan. Quando se compara a rápida aceitação pelo mercado de jovens recém-saídos da faculdade com veteranos como Tunga, Cildo Meireles ou Waltercio Caldas, que levaram anos, nota-se uma aceleração que reflete uma demanda "inconsequente", segundo o galerista. "Não se sabe se essa produção de hoje existirá daqui a dez anos. É uma produção que não tem lastro", diz Millan. Há anos no circuito, Tadeu Chiarelli aponta mudanças no cenário brasileiro. Para ele, há uma certa "banalização" de certas profissões, como a de curador, profissão que também passa por um "boom" de novos nomes. Outra mudança, aponta, é o pouco interesse de muitos jovens artistas, recém-saídos da faculdade, mas já em importantes galerias, em doar obras a museus, tradicionalmente vistos como ponto culminante no reconhecimento artístico. "A grande confusão no Brasil hoje é: acredita-se que arte boa é aquela que está no mercado. Os colecionadores confiam muito no mercado. Não existe a ponderação, a clareza de que é necessário um tempo. O tempo da produção artística, do amadurecimento, é um pouco mais lento que o do mercado."
Quando acertam em suas escolhas, críticos e curadores são celebrados como visionários; galeristas e leiloeiros ganham de forma literal; museus emprestam e ganham credibilidade ao adquirir obras. Uma vez que os critérios para a validação de um artista são fluidos, não seriam possíveis manipulações? Sarah Thornton acredita que fenômenos assim não podem ser criados, como acontece na indústria musical - que rotineiramente cria "boy bands". "Você pode mentir uma ou duas vezes, mas você não pode convencer uma multidão por muito tempo", diz Sarah. Ainda que sejam muitos os atores no processo, apenas um é determinante e real, tanto do ponto de vista mercadológico quanto crítico: o tempo.

Este artigo resultou em comentários que a psicologa Leila Abrahão nos enviou. Transcrevo abaixo:

PARA FALAR DE SI
A equação “Arte moderna = eu poderia fazer isso + sim, mas você não fez” mencionada no início da matéria “A arte fala por si”, divulgada recentemente na Revista Eletrônica Valor Econômico (http://www.valor.com.br/cultura/2562302/arte-nao-fala-por-si), e a pergunta colocada na matéria publicada no Caderno Dois do Jornal Tribuna de Minas, de 11 de março de 2012, “De que arte se fala?”, trazem reflexões sobre o processo de criação e inserção da arte no mercado consumidor atual.
A partir da opinião de diversos artistas e estudiosos contemporâneos, constata-se que para fazer arte, necessita-se de um pouco mais do que idéia, técnica, habilidade e inspiração, é preciso o uso de uma condição que está inscrita no próprio radical da palavra arte, ou seja, é preciso “capacidade de articular”.
E como articulação, entenda-se, o ato ou efeito de unir, juntar várias percepções e formas de fazer arte que atendam à proposta do artista, em consonância com sua formação, interesses e desejos e também com as exigências de um mundo marcado pelo imediatismo, pelas relações fluidas e laços flexíveis.
É necessário pensar a construção artística, rompendo com aspectos que cristalizam a prática do consumo descartável, da comercialização da obra baseada apenas em aspectos financeiros e da validação do trabalho, segundo uma grande variedade de critérios e tendências, que fogem muitas vezes do que seria considerada uma grande obra de arte.
Surge uma questão: Como o artista pode pensar o modo de fazer arte hoje - do processo de criação ao processo de comercialização, considerando, inclusive, sua relação com outros artistas?
Richard Sennett, em seu livro “O Artífice”,  faz uma reflexão sobre a prática de um especialista sociável e o antissocial e, considerando exemplos da medicina, propõe que profissionais que não se mostram capazes de discutir alternativas , de se expor a críticas, de botar na mesa, frente aos colegas, suas percepções tácitas, têm sua capacitação se degradando com o tempo, em comparação com a de outros que se voltam para fora, que trocam entre si.
O homem é um ser gregário e desde seu nascimento vive em grupo – família, comunidade, escola, trabalho. Em todos os momentos precisa interagir e, sob vários aspectos, depende do outro para sobreviver. Assim, é inegável sua condição de dependência, ou melhor, de interdependência , que não deve paralisá-lo, mas inseri-lo na autonomia e na capacidade de decidir sobre os limites de expansão na relação com o outro.
A ação em grupo traz a possibilidade do aprendizado, já que lidando com as diferenças, tem-se no outro uma chance de integração de idéias, complementaridade de pensamentos e visão compartilhada.
O psiquiatra Jacob Levy Moreno, nos idos de 1914, escreveu esse poema:
                                                            DIVISA
Mais importante do que a ciência é o seu resultado,
Uma resposta provoca uma centena de perguntas.

Mais importante do que a poesia é o seu resultado,
Um poema invoca uma centena de atos heroicos.

Mais importante do que a procriação é a criança.
Mais importante do que a evolução da criação é a evolução do criador.

Em lugar de passos imperativos, o imperador.
Em lugar de passos criativos, o criador.
Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos
               e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos
               Para colocá-los no lugar dos teus;
               Então ver-te-ei com os teus olhos
                E tu ver-me-ás com os meus.

Assim, até a coisa comum serve o silêncio
E nosso encontro permanece a meta sem cadeias:
O Lugar indeterminado, num tempo indeterminado,
A palavra indeterminada para o Homem indeterminado.

J. L. Moreno é o criador de um método de intervenção, através da ação, chamado Psicodrama, que tem sua fundamentação no Teatro Grego. Para o autor, o homem nasce dotado de espontaneidade, criatividade e sensibilidade, que ao longo da vida vão sendo perturbadas pelas interações nos meios sociais. No entanto, ele acreditava na possibilidade de recuperação desses fatores, com a mudança no padrão das respostas passando de algo estereotipado para uma resposta integradora, o que conduziria a um novo aprendizado, à renovação das relações afetivas e da ação transformadora sobre o meio.
As intervenções com o Psicodrama trazem a possibilidade de trabalhar os grupos, o indivíduo em relação com o outro, enfocando a capacidade de relacionamento respeitando a si próprio e ao outro e encontrando, através do desenvolvimento da espontaneidade, saídas adequadas para as situações vivenciadas.
O Psicodrama aliado à metodologia do Coaching – processo utilizado no desenvolvimento do papel profissional – amplia a percepção do indivíduo sobre si mesmo, sobre o outro e sobre a relação entre ambos, aumentando a criatividade e conectando as dimensões do pensar-sentir-agir, visando a elaboração do planejamento de ações e o acompanhamento de sua realização.
Nesse momento, vocês devem estar se perguntando, por que falar de Coaching e Psicodrama para artistas?  Mais importante que a pergunta é a ação, e deixo como um convite a possibilidade de se pensar em conjunto formas de aprofundar o conhecimento e desenvolver habilidades e atitudes que tragam melhores resultados ao criador.
Leila Cristina Abrahão     leila.abrahao@hotmail.com
Psicóloga pelo CES/JF, graduada em Comunicação Social pela UFJF, pós-graduada em Marketing pela FMS/Grupo Prisma, formação em Psicodrama Sócio-Educacional com foco em Organizações e Coaching com Psicodrama, pela Potenciar Consultores e Associados/SP. Capacitação em Jogos de Empresa e Ciclo de Aprendizagem Vivencial (Centro Cape/BH). Experiência como coordenadora de grupos de desenvolvimento de equipes multiprofissionais do PSF/JF, e de grupo de mulheres artesãs nas OSBP/JF. Consultora autônoma de desenvolvimento humano em empresas públicas e privadas.       

sexta-feira, 23 de março de 2012

Presenças da Confraria de Arte - exposição "Peso Fugaz" de Rizza


A abertura aconteceu dia 22 de março, às 20h. 
Visitação de 23 de março a 31 de maio, de segunda a sexta, das 14 às 18h.

Caminhamos sobre o céu e nossos olhos mergulharam nas águas 
observando imagens femininas envoltas em tecidos. 
Soltas, leves e profundamente fugaz.

Ana Emília Costa e Silva e Rose Valverde

 Ana Emília Costa , Maurilio Souza e Rizza

 Fernanda Toledo (pequena gigante) Maurilio Souza e Rose Valverde



Rizza


 Peso Fugaz

Mais informações: http://www.espacoexperimental.com.br/#exposicao

* Para quem não sabe Rizza - Alessandra Fonseca é responsável pelo início do coletivo Confraria de Arte.
Agora caminha paralelamente mergulhando na arte e abrindo outros caminhos e de vez em quando a gente se esbarra por ai...


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A primeira reunião de 2012


Começo de ano, hora de fazer planos para as atividades da Confraria de Arte.

Esperamos realizar vários projetos este ano e gostaríamos de contar com a participação de outros artistas em nosso coletivo. Quem quiser participar de nosso grupo envie-nos um email: conafrariadearte@gmail.com ou atelierpontocomarte@gmail.com.

Vamos unir forças!
Teremos bons momentos de debates, exposições, palestras, cursos e troca de informações.

A turma reunida:





Até...
Bom fim de férias...