segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Onde estão as artes visuais de Juiz de Fora?


Edição de 2009 da Lei Murilo Mendes apresenta ínfima participação de artistas visuais da

cidade



Após um jejum de um ano sem lei de incentivo à cultura, Juiz de Fora anunciou em outubro os contemplados pela edição de 2009. Felizmente, o orçamento destinado às expressões artísticas locais aumentou, e 63 projetos irão dividir R$ 816 mil. Mas, o que poderia ser uma grande comemoração na área de artes visuais, reuniu assustadores dados.


O que aconteceram com os projetos de artes visuais esse ano? Dos 338 projetos, apenas 19 foram destinados à área mencionada. Logo na primeira fase, 125 foram desclassificados e desse número constaram 14 projetos de artes visuais. De acordo com a funcionária da FUNALFA, responsável pelo departamento de cultura e pela Lei Murilo Mendes, Adriana Abrantes, todos os casos de reprovação na primeira fase se deram pela ausência de uma documentação correta. “A gente seguiu rigorosamente o edital e exigiu todos os documentos”, relatou Adriana.


A maioria dos projetos reprovados não comprovou a residência da forma proposta pelo edital, o que indica uma falta de atenção no preenchimento da ficha de inscrição. Tal negligência não pode ser atribuída à Prefeitura, que durante o período de recebimento dos projetos disponibilizou um serviço de atendimento específico para a Lei, além de promover reuniões e discussões. “As pessoas foram convidadas a participar”, lamentou Adriana.


Um silêncio nas artes


A participação apontada pela FUNALFA é comprovadamente mínima nas manifestações de artes visuais da cidade. Dos 5 projetos aprovados para a segunda fase da Lei, que avaliou a consistência artística das propostas, 4 foram contemplados.


Cynara Visentim, Lúcio Rodrigues e Wagner de Castro (representante da Confraria de Arte) foram os proponentes vitoriosos com propostas de baixo custo, isto é, o orçamento não pode ultrapassar R$ 4 mil. Rogério de Deus foi o único artista local a conquistar a chancela da lei com seu projeto de alto custo.


Sendo assim, do total de projetos que pleitearam os benefícios do Fundo Municipal de Cultura, apenas 5,6% pertenciam à essa arte. Não bastasse o ínfimo interesse, apenas 3,4% de toda a verba foram destinadas às artes visuais.


Produzir artes visuais em Juiz de Fora com o apoio e/ou patrocínio da iniciativa privada é algo difícil e incomum. Diante dos lamentáveis números da Lei Murilo Mendes desse ano, é possível esperar que em 2010 soframos com o silêncio das artes. A Confraria de Arte, aprovada, lutará para que isso não aconteça, para tal, planeja uma grande exposição coletiva, com muito barulho.


Mauro Morais

Nenhum comentário:

Postar um comentário